A tradução da primeira literatura de A.A. no Brasil
No início de 1948, Herberth L., iniciador de A.A. no Brasil, conseguiu publicar o primeiro de uma série de artigos sobre o alcoolismo, primeiro no jornal “O Globo” e depois no “Brazil Herald” em língua inglesa. Como resultado dessa publicidade, um morador de Ingá em Niterói-RJ, Kenneth W. pediu ajuda para assistir seu irmão arruinado pela bebida, o contabilista e consultor de empresas Harold R. W., anglo-brasileiro, neto de ingleses, nascido em Santa Teresa no Rio de Janeiro. Na manhã do dia 13 de março de 1948, Herb foi visitar Harold na casa de Kenneth, onde morava de favor, e lá o esperava com a mão direita estendida muito tremula, enquanto a mão esquerda segurava com força um copo de cachaça.
Deste encontro saiu um acordo segundo o qual Harold tentaria parar de beber substituindo os goles de cachaça que fosse tomando por água da bica até que o copo se conteve apenas água; conseguindo isso, que traduzisse do inglês para o português um panfleto de A.A., que Herb havia trazido consigo dos EUA e que estava deixando com Harold. Também ficou acordado que na próxima quarta-feira, 17 de março, à tarde, Harold deveria ir a um novo encontro com Herb no salão de café na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Na data marcada Harold bebeu de manhã o que seria seu último gole, e à tarde cumpriu o prometido, embora não tivesse traduzido o folheto inteiro. Este folheto, produzido por um Grupo dos EUA, seria conhecido no Brasil como “Folheto Branco”, ou “Livro Branco” pela cor da sua capa que continha a sigla “A.A.”, o título Alcoólicos Anônimos e o endereço “Caixa Postal 254 – Rio de Janeiro, Brasil“.
Este libreto foi a primeira literatura de A.A. no Brasil. Harold também traduziu nessa época “A.A. Tradições”, – as Doze Tradições escritas na forma longa e que ainda iriam ser homologadas na Primeira Convenção Internacional de Cleveland, em julho de 1950 com esse nome, mas que ainda eram conhecidos como “12 Pontos Para Assegurar o Nosso Futuro”. O formato deste folheto era exatamente igual ao anterior, substituindo na capa, também branca, Alcoólicos Anônimos por “A.A. Tradições.”.
O nome “Livro Branco” é apenas figurativo – não aparece escrito em nenhum espaço do texto – assim, os exemplares ainda existentes somente poderão ser identificados pelo seu conteúdo (não tem imagens) e seus tamanhos variam muito dependendo do Grupo que os mandava imprimir para serem distribuídos gratuitamente. O libreto contém as seguintes seções: “Que é Alcoólicos Anônimos?”; “Sou alcoólico?”; “Como age a ‘A.A.’?”; os Doze Passos são apresentados assim: “São estes os passos que demos e que são sugeridos como um Programa de Reerguimento” (segue o enunciado dos Doze Passos); “Aos amigos dos alcoólicos”. Na última seção, “Sou um alcoólico?” Diz que “Ninguém na ‘A.A.’ tentará dizer-lhe se você é ou não alcoólico. Aqui está parte de um teste sobre alcoolismo usado pelo hospital John Hopkins. A título de verificação responda a estas perguntas e seja seu próprio juiz”, e segue uma lista de 15 perguntas. Na contracapa aparece: “A finalidade deste panfleto é mostrar como milhares de nós, que éramos alcoólicos sem esperança, saramos dessa doença. Encontramos um meio de viver que não nos obriga mais a beber. A ‘Alcoólicos Anônimos’ é a grande realidade que destruiu a nossa obsessão”.
CAHist – Comitê de Arquivos Históricos da Junaab
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