Os passos - A pedra angular

Ele é o Pai e nós somos os seus filhos. Na maioria das vezes, as boas idéias são simples, e este conceito passou a ser a pedra angular do novo arco do triunfo, através do qual passamos à liberdade.

A pedra angular é a peça cunhada na parte mais alta de um arco que prende as outras peças no lugar. As “outras peças” são os Passos Um, Dois e Quatro até o Décimo Segundo.

Neste sentido isto soa como se o Terceiro Passo, fosse o Passo mais importante, que os outros onze dependem do Terceiro para suporte. Na realidade porém, o Terceiro Passo é apenas um dos doze. Ele é a pedra angular, mas em as outras onze pedras para construir a base e os lados, com ou sem a pedra angular, simplesmente não haverá arco. Através do trabalho diário de todos os Doze Passos, encontro este arco do triunfo esperando que eu passe através dele para outro dia de liberdade.

… E PERDOAMOS

Com muita dificuldade tenho procurado sempre perdoar as outras pessoas e a mim mesmo.

Perdoar a sim mesmo e perdoar aos outros são duas correntes do mesmo rio, ambas retardadas ou interceptadas completamente pela represa do ressentimento. Uma vez que a represa é aberta, ambas as correntes podem fluir. Os Passos de A. A. Permitem-me ver como o ressentimento cresceu e em consequência bloqueou esse fluxo em minha vida. Os Passos fornecem uma maneira pela qual meus ressentimentos podem ser dispersados – pela graça de Deus como eu O entendo. É como resultado desta solução que posso achar a graça necessária que me dá condições de perdoar a mim mesmo e aos outros.

LIBERDADE PARA SER EU MESMO

Se trabalharmos com afinco nesta fase de nosso desenvolvimento, ficaremos surpreendidos antes de chegar à metade do caminho. Vamos conhecer uma nova liberdade e uma nova felicidade.

Minha primeira verdadeira liberdade é a liberdade de não precisar beber hoje. Se realmente desejá-la, praticarei os Doze Passos, e através deles me chegará a felicidade desta liberdade – às vezes rapidamente, outras vezes lentamente. Seguir-se-ão outras liberdades, e fazer seu inventário será nova alegria. Tive uma nova liberdade hoje, a liberdade de ser eu mesmo. Tenho a liberdade de ser melhor do que jamais fui.

O CAMINHO ASCENDENTE

Eis os Passos que demos…

Estas são as palavras introdutórias aos Doze Passos. Na simplicidade direta elas deixam de lado todas as considerações psicológicas e filosóficas sobre a virtude dos Passos. Eles descrevem o que fiz: pratiquei os Passos e o resultado foi a sobriedade. Estas palavras não implicam em que eu deva caminhar pela estrada trilhada pelo que vieram antes. Ao invés disso mostram que existe uma maneira de ficar sóbrio, e que é um caminho que eu preciso encontrar. É um caminho novo que leva para a luz infinita no topo da montanha. Os Passos me aconselham sobre os apoios que são seguros e os abismos a evitar. Eles me fornecem as ferramentas de que preciso durante grande parte da jornada solitária de minha alma. Quando falo desta jornada, compartilho minha experiência, força e esperança com os outros.

UMA IRMANDADE DE LIBERDADE

… Se os homens tivessem garantido liberdade absoluta e não fossem obrigados a obedecer a ninguém, eles então voluntariamente se associariam a um interesse comum…

Quando eu não vivo mais sob o comando do outro ou do álcool, vivo uma nova liberdade. Quando me liberto do passado e de todo excesso de bagagem que tenho carregado por tanto tempo, eu venho a conhecer a liberdade. Fui introduzido numa vida e numa Irmandade de liberdade. Os Passos são uma maneira “sugerida” de encontrar uma nova vida, não existem ordem nem comandos em A. A., sou livre para servir pelo desejo e não por decreto. Há o entendimento de que serei beneficiado com o crescimento dos outros membros, e o que aprendo compartilho com o Grupo. O “bem-estar comum” encontra espaço para crescer na sociedade da liberdade pessoal.

O MELHOR PARA HOJE

Os princípios expostos são guias para o progresso.

Tal como o escultor usa ferramentas diferentes para alcançar os efeitos desejados ao criar uma obra de arte, em Alcoólicos Anônimos os Doze Passos são usados para produzir resultados em minha própria vida. Não sou esmagado com os problemas da vida e nem a quantidade de trabalho que está por vir.

Me sinto confortado em saber que minha vida agora está nas mãos de meu Poder superior, um mestre artífice que está moldando cada parte de minha vida numa única obra de arte.

Trabalhando meu programa posso me dar por satisfeito, sabendo que “fazendo o melhor que podemos, por hoje, estamos fazendo tudo o que Deus nos pede”.

UNIDOS VENCEREMOS OU PERECEREMOS

… nenhuma associação de homens e mulheres teve em tempo algum, uma necessidade mais premente de contínua eficiência e permanente união. Nós, alcoólicos, percebemos que precisamos trabalhar conjuntamente e permanecer unidos, do contrário a maioria de nós acabará por morrer, Cada um sozinho em seu canto.

Tal como os Doze Passos de A. A. foram escritos numa seqüência específica por uma razão, assim também é com as Doze Tradições. O Primeiro Passo e a Primeira Tradição tentam inculcar em mim suficiente humildade para me dar uma chance de sobrevivência. Juntos são a base sobre a qual os Passos e Tradições que se seguem são construídos. É um processo de deflação do ego que me permite crescer, como indivíduo através dos Passos, e como membro participante de um Grupo através das Tradições. Aceitação total da Primeira Tradição me dá condições de deixar de lado as ambições pessoais, medos e raiva quando eles estão em conflito com o bem-estar comum, permitindo-me assim trabalhar com os outros por nossa sobrevivência mútua. Sem a Primeira Tradição, fico com pouca chance de manter a unidade exigida para trabalhar com os outros, eficazmente, e também posso perder as demais Tradições, a Irmandade e a minha vida.

PASSOS “SUGERIDOS”

Nosso Décimo Segundo Passo também diz que, como resultado da prática de todos os Passos, cada um de nós foi descobrindo algo que se pode chamar de “despertar espiritual”… O meio de que A. A. dispõe em nosso preparo para a recepção desta dádiva está na prática dos Doze Passos de nosso programa.

Eu lembro da resposta do meu padrinho quando lhe falei que os Passos eram “sugeridos”. Ele replicou que eles são “sugeridos” da mesma maneira que se você saltar um avião com um pára-quedas, é “sugerido” que você puxe a corda para abri-lo e salvar a sua vida. Ele mostrou-me que era “sugerido” que eu praticasse os Doze Passos se quisesse salvar a minha vida. Assim eu tento me lembrar diariamente que tenho todo um programa de recuperação, baseado em todos os Doze Passos “sugeridos”.

ACEITANDO O SUCESSO OU O FRACASSO

Além do mais, como podemos nos ajustar à derrota ou ao êxito aparentes? Podemos aceitar e nos adaptar a ambos sem desespero ou orgulho? Chegaremos a aceitar a pobreza, a doença, a solidão e consternação com coragem e serenidade? Podemos nos contentar de verdade com as menores, embora duradouras, satisfações, quando nos são negadas as mais brilhantes e gloriosas realizações?

Após encontrar A. A. e parar de beber, levou um tempo antes que entendesse porque o Primeiro Passo contém duas partes: minha impotência perante o álcool e a perda do controle da minha vida. Da mesma maneira, acreditei por muito tempo que para estar em sintonia com os Doze Passos bastava que “transmitisse esta mensagem para os alcoólicos”. Isso era apressar as coisas. Eu tinha esquecido que existiam Doze Passos e que o Décimo Segundo Passo também tem mais do que uma parte. Aos poucos aprendi que era necessário para mim “praticar estes princípios” em todas as área de minha vida. Trabalhando todos os Passos completamente, não somente permaneço sóbrio e ajudo alguém mais a alcançar a sobriedade, mas também transformo minhas dificuldades com a vida em alegria de viver.

(Fonte: Reflexões Diárias – paginas: 82-146-147-162-178-191-268-344-369)