A.A. Grapevine, junho 1950
Editorial
De alguma forma, acredito que a amada Anne do Dr. Bob prefira esta homenagem simples, mas agradecida, a uma contendo linguagem extravagante e alardeando frases que somente serviria para ocultar uma vida com um significado profundo. É de se duvidar que, agora, apenas um ano após sua morte, que o verdadeiro significado da vida de Anne Smith tenha-se realizado.
Certamente, o calor de seu amor, o charme da sua personalidade e a força da sua humildade ainda estão muito presentes naqueles de nós que a conhecemos. Anne Smith era muito mais do que uma graciosa dama. Ela foi uma das quatro pessoas escolhidas por uma entidade mais elevada para realizar um serviço para a humanidade. A quão grandiosa foi sua contribuição, somente o tempo e uma inteligência além do entendimento humano poderão determinar.
Junto com o Dr. Bob, Lois e Bill W., Anne Smith entra para a história, não como uma heroína, mas como alguém disposto a aceitar a vontade de Deus e pronto para fazer o que precisava ser feito. Sua cozinha era seu campo de batalha e, enquanto Anne servia café preto estava sendo travada uma batalha que levou à salvação da minha vida. Foi ela, talvez, quem primeiro compreendeu o milagre que aconteceu entre Bill W. e o Dr. Bob. E, nos anos que se seguiram, foi ela que teve a certeza divina de que o que tinha acontecido em sua casa iria acontecer em outras casas de novo, de novo, e de novo, Anne compreendeu a simplicidade da fé.
Talvez seja por isso que Deus a escolheu para nos ajudar. Talvez por isso Anne nunca tenha pensado em si mesma como “uma mulher predestinada” e foi por isso que conduziu seu trabalho em silêncio. Talvez por isso, quando ela dizia a uma esposa em desespero por causa do alcoolismo do marido, “venha, minha querida, você está entre amigos agora – amigos que a compreendem”, o medo e a solidão desapareciam. Talvez por isso Anne sempre se sentava no fundo da sala nas reuniões, para que pudesse ver os recém-chegados como eles vinham, tímidos e inseguros… E dar-lhes as boas-vindas. Assim, da maneira mais simples que conhecemos, e falando pelos AAs de todos os lugares, dizemos apenas “Obrigado, Dr. Bob, por tê-la partilhado conosco”. Sabemos que ela agora faz parte de um grupo lá no alto, sentada bem atrás, olhando para os recém-chegados, ouvindo seus nomes e dando-lhes as boas-vindas.
N.T.: Em seu tributo a Anne, Bill W. escreveu: “…Anne era a esposa do Dr. Bob, cofundador de Alcoólicos Anônimos. Era, literalmente, a mãe de nosso primeiro Grupo, o Número Um de Akron.
Seu conselho bom e sábio. Uma insistência em antepor o espiritual com relação a tudo o mais, seu apoio constante ao Dr. Bob em todos os seus trabalhos – todas essas eram as virtudes que nutriram a insegura semente que chegaria a se converter em A.A. Somente Deus poderá calcular o valor de semelhante contribuição. Nós podemos dizer somente que era magnífica e inapreciável. Ela foi, no sentido mais amplo da palavra, um dos fundadores de Alcoólicos Anônimos”.
Página 415 de “A Linguagem do Coração”, Junaab, código 104.
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