GRUPOS IRMÃOS
Conscientes de que nosso futuro depende do exemplo aos que estão chegando, grupos mais velhos apadrinham a formação dos caçulas, tal como Aas experientes apadrinham alcoólicos recém-chegados!
Cheguei à Irmandade no dia 2 de janeiro de 1999, no Grupo de A.A. Santa Cecília. Precisava. Fiz meu ingresso. Tive dificuldades para me firmar. Depois de três recaídas, envergonhado, sempre muito violento com a família, em setembro de 2002 voltei, mas fui ao outro grupo da cidade; Grupo de A.A. Libertação.
Presente em todas as reuniões, interei-me das atividades do grupo. Mas eu morava longe, e era um transtorno ir até o centro da cidade, onde funcionava o grupo. Outros companheiros também tinham essa dificuldade, tanto no Libertação quanto no Santa Cecília.
Assim, eu e três companheiros do meu bairro começamos a pensar na possibilidade de abrirmos uma reunião mais perto de nossas casas; afinal, sabíamos que a recuperação seria para toda a vida. Dois anos já tinham se passado; agora, eu percebia claramente o quanto a programação de A.A. é importante na produção e manutenção das melhoras que sentimos a cada dia.
Enfim, tomamos a iniciativa – inicialmente éramos quatro companheiros, três do Libertação e um do Santa Cecília – buscando um local e apoio do distrito de A.A., que foi integral. Fizemos nossa primeira reunião em 28 de setembro de 2009, na Escola Joaquim Passos. Era o começo das atividades do Grupo de A.A. Salvador, meu atual grupo base.
Com o apadrinhamento do distrito, montamos um comitê de serviço e fizemos divulgações para levar a mensagem nas imediações: reuniões em instituições de tratamento e em comunidades; panfletagens em feiras livres; também pintamos os dados do grupo em muros, com autorização pública. Procuramos manter, até hoje, a mesma perseverança no serviço de levar a mensagem.
O grupo consolidou-se e, após dois anos, alugamos uma sala comercial. Há sete anos funcionamos com autossuficiência financeira e autonomia no uso do espaço. Oferecemos reuniões todos os dias da semana. O comitê de serviço está completo, contando com membros empenhados e de boa frequência às reuniões. Temos reuniões de literatura mensais, além de uma reunião com tema livre, onde o RV – Representante da Vivência coordena leituras e reflexões em torno das edições da revista.
Temos consciência das dificuldades que muitos grupos da irmandade enfrentam atualmente. Nosso ingressante mais novo tem um ano entre nós, alguns recaídos têm voltado, mas sabemos das dificuldades que a doença impõe; retornar parece ser sempre mais complicado.
A experiência da construção do nosso grupo foi tão positiva que pudemos apadrinhar outro novo grupo irmão na cidade, também com apoio do distrito local, em outro bairro também afastado do centro, formando o Grupo de A.A. Paraíso – que hoje é o caçula.
Hoje, temos clareza de que estender as mãos ao alcoólico que ainda sofre é o princípio primordial da nossa recuperação pessoal. E também de que a abertura de novos espaços de A.A. em bairros afastados pode ser uma ótima maneira de ajudar os que ainda não conhecem nossa mensagem e programa.
Atualmente, estamos refletindo e debatendo, no distrito, as possibilidades do projeto de regionalização aprovado em 2018 na 42ª. Conferência de Serviços Gerais. Sabemos que ainda não conseguimos atingir todas as regiões da nossa cidade, e o projeto de regionalização pode ser um instrumento de auxílio a essa demanda local.
Sentimos falta de servidores comprometidos; nosso material humano é sempre escasso; mas nosso futuro depende da unidade e ação como exemplo aos que estão chegando. Praticando, podemos nos tornar bons exemplos, atraindo novos servidores com disposição para a prática do Terceiro Legado. Hoje, tenho certeza de que a fé sem ação é morta.
Edson, Jacareí/SP